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Jornal do Agrupamento Professor João de Meira
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Entrevista à Diretora do Agrupamento
Por Manuela Ribeiro (Professora), em 2012/06/08622 leram | 0 comentários | 153 gostam
Aqui se registam as respostas da Diretora do Agrupamento às questões dos alunos membros do Clube de Jornalismo.
Clube de Jornalismo: Acha que os alunos podem contribuir para um bom funcionamento da escola? De que maneira?
Diretora do Agrupamento: Sim, podem contribuir..., com o seu sentido de responsabilidade... no cumprimento dos seus deveres e ajudando-se uns aos outros a ultrapassar dificuldades, sobretudo no domínio das atitudes e dos comportamentos. É bom realçar que os alunos já ajudam ao bom funcionamento da escola. Na sua maioria são cumpridores, estudiosos e empenhados nos seus resultados. Às vezes fala-se mais daqueles que não cumprem, que não estudam, que são indisciplinados, dando a impressão que estes são a maioria. Mas não... Estes alunos são mais focalizados porque é necessário desenvolver com eles um trabalho mais árduo para ultrapassar os seus problemas e ajudá-los a construir um projeto de vida mais saudável, mais gratificante... Por outro lado, nenhum aluno é apenas mau ou bom... Têm manifestações diferentes em momentos diferentes. Por isso eu refiro a importância do contributo que todos podem dar ajudando-se uns aos outros. Cada um de nós tem um papel importante na educação do outro e pode mudar o mundo todos os dias com a sua intervenção, por muito pequena que seja. Para desempenharem um papel mais ativo na vida da vossa escola, vocês têm ainda órgãos próprios. Por exemplo, como delegados de turma, representam a voz dos alunos nos conselhos de turma e participam nos conselhos de delegados onde podem expor a vossa opinião e dar sugestões sobre o funcionamento; todos os anos se procede à constituição da associação de estudantes, através de um processo eleitoral que tem sido sempre bastante participado... e quero deixar aqui em destaque que as associações de estudantes têm vindo todos os anos a surpreender-nos com a sua capacidade interventiva e com o seu contributo para a melhoria do funcionamento.
CLJ: Concorda como são lecionadas as aulas? Que mudanças faria?
DA: Este tema é muito complexo. Primeiro porque não existe apenas uma forma de dar aulas. Aliás, dar aulas sempre da mesma maneira seria, só por si, um fator negativo. A escola tem, concerteza, aulas muito boas e as aulas menos boas... a maior parte são, concerteza, aulas de muita qualidade, avaliando pelas aulas que conheço, a que assisto, ou que acompanho em termos de planificação, pelos resultados dos alunos, que posicionam bem a nossa escola, e pelos resultados dos inquéritos/sondagem que foram efetuados no final do ano letivo anterior aos alunos, aos pais e aos professores, e através dos quais pudémos perceber que há um elevado grau de satisfação com as aulas, designadamente com a forma como são dadas, com a diversidade de abordagens, de estratégias e atividades... Ao nível da escola/agrupamento tem havido uma grande atenção a tudo o que diz respeito à ação educativa, desde logo pelo destaque que esta área tem nas metas do nosso projeto educativo, e pelo trabalho de reflexão que se tem feito e se pretende continuar a fazer sobre as práticas de sala de aula, tendo elegido esta área como área de focagem da autoavaliação da escola, pelo terceiro ano consecutivo. Nos anos anteriores a abordagem foi feita através dos inquéritos, no ano corrente estamos a proceder à observação de aulas, feita pela equipa de autoavaliação, com vista à reflexão sobre aquilo que já se faz e à consequente melhoria, pois qualquer processo, ainda que já registe um bom nível, tem sempre a ganhar quando posto em evidência, partilhado e discutido. A maior mudança que eu faria seria a de dotar a escola de uma capacidade maior de intervir junto dos alunos, de acordo com as suas caraterísticas e em diferentes momentos do seu desenvolvimento, organizando e reorganizando grupos de alunos e equipas de professores de forma a eliminar o insucesso e a potenciar a qualidade do sucesso. Esta mudança já está em curso. Começa pela reflexão, pelo trabalho colaborativo e de partilha entre todos, o qual sempre existiu na nossa escola, mas que está em pleno desenvolvimento e sistematização. Para finalizar, penso que há equívocos muito grandes quando se pensa de forma ligeira que as aulas são muito boas ou porque são fáceis e o aluno aprende sem esforço, ou porque são muito sérias e os alunos aborrecem-se, mas aprendem. A aprendizagem exige sempre esforço de todos: de quem ensina e de quem aprende. As boas aulas podem e devem ter momentos mais sérios e outros mais descontraídos, mas o que melhor define uma boa aula é o ser sentida como um espaço de revelação, de descoberta, de entendimento sobre os saberes que ali estão a ser abordados. Às vezes os alunos confundem a expressão “prazer de aprender” com “aprender sem esforço”. É um engano. É o esforço de aprender que dá prazer e traz a alegria, o sentimento de realização, depois de se conseguir chegar aos resultados... Como o atleta que treina todos os dias e se esforça com prazer, para se manter em forma e conseguir os melhores resultados.
CLJ: As novas tecnologias trazem um melhor funcionamento das aulas? Como?
DA: As novas tecnologias trazem bom funcionamento se forem bem utilizadas. É claro que estamos no tempo das tecnologias e uma escola que não as utilize não está a preparar bem os seus alunos para a vida de hoje e do futuro. As tecnologias podem também enriquecer as aulas, contribuindo para a diversificação das atividades e para apresentar algumas matérias de forma mais eficaz, quando bem utilizadas. Porém, a qualidade da aula e o seu bom funcionamento dependem, em primeiro lugar, da ação humana que aí se desenrola.
CLJ: O que está bem e o que está mal na nossa escola? E como poderia mudá-la?
DA: Muitas vezes comparo uma escola a um armazém de problemas que é preciso resolver todos os dias. A vida também é assim e resolver problemas não é necessariamente mau. Faz parte da essência do ser humano. Quando acabamos de resolver um problema procuramos outro. Por isso, apesar de haver problemas todos os dias e muito caminho para fazer em termos de melhoria, considero que na nossa escola quase tudo está bem. Vou apenas dar um exemplo de cada. O que está bem: o trabalho que se faz em geral e os seus resultados. O que está mal: a falta de civismo, o lixo que se atira para o chão, não obstante todos os esforços de educação ambiental e todas as atividades que nos fizeram ganhar o galardão de eco-escola.
CLJ: Acha que os alunos estão satisfeitos com as refeições da escola? Se não, como podemos melhorá-las?
DA: Na maior parte das vezes come-se bem, embora haja algumas exceções, sobretudo com a qualidade dos alimentos que a empresa utiliza para a confeção da refeição. Para que isto não aconteça, a direção da escola faz uma vigilância diária dos produtos que dão entrada e reclama para a direção da empresa e para a direção regional de educação (que é responsável pelo contrato com a empresa) quando acha que não há qualidade. Quanto à satisfação dos alunos, na sua maioria respondem aos inquéritos com um grau elevado de satisfação. Uma queixa que aparece com alguma frequência é a da pouca quantidade de comida no prato, porém os alunos já perceberam que podem pedir para repetir, pois também é necessário salvaguardar que não se deite comida fora. Uma questão mais complexa é a da exigência que nós temos, como escola empenhada em educar para a saúde e para os bons hábitos alimentares, com os alunos que almoçam na escola para que comam sempre uma refeição completa e equilibrada, incluindo a sopa, o prato principal, que tem sempre uma salada com legumes, e uma peça de fruta. Ora, isto não agrada àqueles que não possuem bons hábitos, mas pelas razões erradas. Neste caso a solução é mesmo insistir e obter como resultado um maior número de alunos que sabem comer e prevenir uma vida saudável.

A Diretora do Agrupamento,
Manuela Ferreira


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