Visita de Estudo | ||||||
Por Manuela Ribeiro (Professora), em 2012/10/25 | 744 leram | 0 comentários | 191 gostam | |||||
“Strategies to implement lifelong learning in IVET and working life” Cooperation between education and training institutions, enterprises and local communities Mainz, Alemanha de 15-10-2012 a 19-10-2012 | ||||||
Realizou-se uma Visita de Estudo para especialistas em educação e formadores de 10 países europeus, em Mainz, uma cidade localizada perto de Frankfurt . A visita foi organizada pela “Berufsbildende Schule 1”, uma escola de formação vocacional, e promovida pelo CEDEFOP (organismo da Comissão Europeia). Os participantes tiveram a oportunidade de contactar com todos os intervenientes do sistema de ensino alemão: alunos, professores, formadores especializados, empresas, instituições privadas, entidades locais e instituições de integração social. Assim, foi permitido realizar uma análise crítica do sistema de ensino na Alemanha e compreender as suas virtudes e fragilidades. É fácil compreender que a base do sucesso da economia alemã está sustentada pelo seu sistema de ensino, (Dual System), pela criteriosa consciência social dos seus empresários, pelo empenho de todos no trabalho, pelo nível de organização das instituições e pela autodisciplina dos seus cidadãos. Por um lado, o trabalho de parceria entre as diferentes instituições e a escola, com uma articulação constante entre as necessidades do mercado de trabalho, o treino de competências e a sua certificação, permite qualificar todos os profissionais num elevado nível, ou seja, há garantias que todos têm experiência profissional na sua área, dominam a sua especialidade e têm possibilidades de progredir na sua empresa em função dos resultados obtidos. Há um processo de certificação exigente que garante que se escolhem os melhores e há instituições para apoiar os que têm menos competências e dificuldades de integração no mercado de trabalho. Todo este processo é garantido pelo financiamento das empresas numa perspetiva de investimento em termos de futuro e não por dinheiros públicos como é habitual em Portugal e noutros países da Europa. A vivência desta experiência numa perspetiva multicultural permite aferir da distância que nos separa doutros contextos, as dificuldades de importar ideias que funcionam num país com uma cultura muito diferente e as mudanças necessárias para que o sistema educativo português possa ser mais eficiente e produzir mão-de-obra qualificada sem que se valorize apenas a certificação académica. Por outro lado, o sistema de recrutamento de professores é muito exigente. Após a conclusão do curso de 5 anos na universidade, inicia-se uma nova etapa de 2 anos que engloba a observação de aulas, a realização de exames e a organização de várias atividades e eventos de caráter diverso, permitindo desta forma selecionar os melhores professores para o sistema público de ensino, que asseguram a qualidade do sistema educativo, sem que a sua competência profissional seja questionada. O trabalho cooperativo de empresas que são concorrentes no mercado, mas que se associam numa perspetiva de desenvolvimento conjunto dos seus trabalhadores e das necessidades coletivas, é uma experiência verdadeiramente inovadora e socialmente relevante. O desafio europeu está associado à motivação necessária para envolver todos os intervenientes do processo educativo na busca de melhores resultados, mais eficiência e mais qualidade quando não há mercado de trabalho para tantas pessoas com formação e qualificação. Outro desafio, em alguns países, prende-se com o envolvimento da comunidade na busca de soluções locais quando as decisões mais estruturantes estão associadas ao Ministério da Educação, ao nível Central. A formação de mão-de-obra qualificada é um desafio em todos os países, sendo a formação académica, ao nível teórico, socialmente valorizada em relação à componente prática e, por isso, um dos grandes obstáculos ao investimento em formação profissional de qualidade. Após esta visita será possível planear algum trabalho a desenvolver no futuro, nomeadamente, desenvolvimento de algumas atividades de simulação na área do empreendedorismo, organização de Workshops temáticos com a comunidade local, procurando estreitar as relações com o mundo empresarial, e a análise de possibilidades de intercâmbio de alunos em estágios profissionais, através de financiamento de projetos europeus. Foi muito gratificante ter participado nesta visita, pela possibilidade de conhecer a realidade do ensino noutros países, pela troca de experiências entre os participantes, pela experiência de aprendizagem e pelas novas perspetivas de trabalho em parcerias futuras em novos projetos. Manuela Nunes (Coordenadora de projetos) | ||||||
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